Suzano diz que é preciso encarar direitos humanos como risco e enxergar oportunidades, além de promover uma remuneração digna e direito de associação de seus colaboradores
Recentemente, a Suzano, uma das maiores empresas de papel e celulose do mundo, participou de um painel realizado na sede da ONU, em Nova York. A companhia também anunciou uma parceria com a Organização Mundial do Trabalho (OIT) e o Pacto Global da ONU para promover o trabalho digno.
Próximos passos da Suzano
A iniciativa da Suzano vem para fortalecer os direitos humanos em toda sua cadeia de valor. Isso porque não se pode esquecer da herança triste de condições de trabalho precárias, como explicou o vice-presidente de sustentabilidade e inovação da empresa, Fernando Bertolucci.
Vale destacar ainda que o Brasil vive um momento em que outras organizações querem estar em conformidade com mais atitudes sustentáveis propostas pelo Pacto Global. É o caso do grupo hoteleiro Clara Resorts. A CEO Taiza Krueder, revelou a surpresa e felicidade pela empresa ter sido reconhecida pelo Pacto por sua ações sustentáveis que impacta toda sua cadeia produtiva. O país ganha com isso também.
Anúncio das parcerias
Ainda sobre o anúncio das parcerias, ele ocorreu durante o evento SDGs in Brazil, promovido pela Rede Brasil do Pacto Global. Nas operações diretas da empresa, o vide-presidente de sustentabilidade disse em entrevista à EXAME, que há tempos não se registram situações problemáticas. No entanto, à medida que se afasta do centro da cadeia, em direção a fornecedores indiretos, os riscos aumentam.
Toda, agora, com a parceria, a Suzano busca uniformizar as condições de trabalho em todas as suas áreas de influência, o que refleteirá em eficiência. A meta pública, assumida em 2020, de retirar 200 mil pessoas da linha da pobreza até 2030, não diz respeito à miséria, é da pobreza mesmo, em que o desafio é ainda maior.
Transformação no setor florestal
O projeto também engloba uma série de ações para transformar as condições de trabalho no setor florestal e eliminar práticas que incluem baixas remunerações e jornadas exaustivas, sobretudo nas regiões rurais mais distantes. E ainda há complexidade de lidar com uma cadeia produtiva extensa, que abrange mais de 200 cidades e 15 mil fornecedores.
Inclusão social
Em termos de inclusão social, a busca é por maior equidade com impacto direto na conservação ambiental.
Bertolucci destacou que comunidades que possuem suas condições de vida melhoradas são as primeiras a preservar o meio ambiente. Sendo assim, o foco no trabalho decente, com salários adequados, infraestrutura digna e acesso a educação, não é apenas uma questão de justiça social, e sim de uma estratégia para garantir a sustentabilidade a longo prazo. Em suma, ele diz que é preciso deixar de encarar os direitos humanos como risco e passar a enxergar as oportunidades.
Liderança em negócios sustentáveis
A Suzano enxerga a parceria com a OIT e o Pacto Global como um meio de liderar o setor na criação de um modelo de negócios que seja ambientalmente responsável e socialmente inclusivo. Tal atitude impacta positivamente as comunidades em que atua, promovendo o desenvolvimento sustentável em escala global.
Avanços já concretizados
Entre os avanços já concretizados está a criação do projeto Nossa Voz Florestal, que consiste em ouvir os funcionários, incluindo até os mais distantes da cadeia produtiva.
Bertolucci diz que a ideia aqui é que as soluções surjam com base no diálogo aberto com as comunidades locais e os trabalhadores, de modo que os novos padrões de trabalho e sustentabilidade sejam mais eficazes e justos.
Livre associação dos trabalhadores
Por fim, para que isso cresça de fato, a companhia pretende estimular a livre associação dos funcionários, ou seja, promover a sindicalização. Já existe uma área que cuida das relações sindicais. Por outro lado, é preciso ter certeza que os trabalhadores estão completamente informados de como eles podem acessar tais relações.
Fonte: Foto de EyeEm na Freepik